O Dr. Fábio José Garcia dos Reis, Diretor de Inovação e Redes da Universidade Corporativa SEMESP, explana sobre o real valor da educação e, também, sobre as Instituições de Ensino Superior (IES) e a Educação a Distância (EaD).
Qual o valor da educação superior?
Recentemente durante uma entrevista sobre inovação acadêmica, a entrevistadora me fez uma pergunta: o que é educação? Eu me surpreendi com a pergunta, pois não estava no roteiro. Respondi que educação é um processo de formação de pessoas para a vida, para o exercício da cidadania e que as escolas, nos diferentes níveis, tinham que formar pessoas compromissadas em apresentar soluções para os problemas sociais e capazes de produzirem conhecimento e novas tecnologias. Eu não me preocupei com uma resposta com base teórica. Foi uma resposta espontânea.
Após a entrevista fiquei pensando em diversas respostas. Como atuo na educação superior, tentei relacionar a resposta com a área em que atuo. A evidência demonstra que quando engajamos professores, estudantes, pessoal técnico-administrativo e sociedade em bons projetos acadêmicos e assumimos o compromisso com a formação de pessoas nas competências e nas habilidades contemporâneas, a instituição de ensino superior (IES) provavelmente estará sintonizada com os melhores parâmetros educacionais.
São os dirigentes de IES os responsáveis pelos projetos institucionais, pelo engajamento das pessoas e pelo investimento na formação dos estudantes. São eles que precisam responder sobre as prioridades e o compromisso com a educação. A educação é um bem social, pois forma pessoas que serão responsáveis pela dinâmica econômica e política de um país. O risco em um sistema educacional é a inversão dos valores, quando a educação passa a servir prioritariamente aos interesses financeiros.
A iniciativa privada e o lucro são legítimos, mas o valor da educação se sobrepõe a interesses individuais ou financeiros. A educação oferecida por uma IES não pode ser medida pela planilha financeira, mas sim, pelo valor que agrega na formação das pessoas.
As IES mais competitivas no mundo acadêmico são aquelas que possuem bons projetos acadêmicos e identidade institucional, que enfrentam e apesentam soluções para os desafios da sociedade e priorizam a formação cidadã e profissional. Todo país que tem a competitividade na educação pautada pelo EBITDA terá problemas no futuro.
Em um ambiente em que valorizamos a diversidade das identidades institucionais, em que acreditamos na aprendizagem personalizada e em que defendemos a flexibilidade curricular, todas as formas de homogeneização dos projetos educacionais provavelmente se contrapõem aos parâmetros da educação superior do século 21.
Se já tínhamos a padronização no ensino presencial, agora caminhamos a passos largos para a padronização na educação a distância. As IES são mais iguais do que diferentes. Aliás, no EAD, as IES estão terceirizando a produção do conhecimento e tornando-se revendedoras de conteúdos que devem ser aplicados pelos professores. Parece que as IES não conseguem elaborar projetos educacionais criativos e capazes de engajar os estudantes.
Faço algumas perguntas provocativas: será que o processo de padronização, em que tudo é quase igual, será sustentável a longo prazo? Se as IES deixarem de produzir conhecimento e se pouco agregarem à formação das pessoas, elas serão relevantes nos próximos anos? O que é ser relevante? Será que na educação superior estamos criando “apostilas virtuais” que todas as IES possuem, assim como os famosos cursinhos pré-vestibular?
O problema maior não está na compra de uma “apostila virtual”, está no fato de todos a utilizarem da mesma forma. A instituição A terá o mesmo conteúdo da B, da C e da E. Se não houver criatividade e criação da cultura da inovação, o que vai diferenciar uma IES da outra é o seu nome, já que o preço da mensalidade também caminha para um mesmo patamar.
A formação de redes de cooperação é um caminho para criarmos sinergias e para diminuirmos os custos operacionais, não para a padronização do processo educacional. Faço o convite para que sejamos criativos, que tenhamos projetos institucionais qualificados, que cuidemos das planilhas financeiras e da sustentabilidade, sem deixar de priorizar a educação, porque “no final do dia” isso será relevante para um país. O discurso da prioridade da educação não pode ser uma bela intenção, tem de se tornar uma prática coerente de todos que atuam no ambiente da educação superior.
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